O presidente da UNICA, Evandro Gussi, que fez a abertura do evento, destacou a importância da modernização do setor elétrico para que não se desperdice a diversidade energética que é vista no Brasil. “Ouvimos muito a expressão ‘opção energética’, mas quando nos debruçamos um pouco mais sobre esse tema percebemos que muitas vezes aquilo que parece ser uma opção, na verdade é a falta dela. Trata-se do único caminho que determinadas nações possuem para resolver o problema de demanda por energia. Já no Brasil isso é verdade. Aqui podemos dizer que temos opções energéticas e cada vez mais outras vão surgindo, com pesquisa e tecnologia, solucionando problemas das pessoas e da sociedade”, afirmou.
O biogás é visto como uma alternativa para a produção de energia no Brasil, pois é feito a partir de subprodutos da cana e da produção de etanol e açúcar, como bagaço, torta de filtro, palha e vinhaça. Além de ser usado para produzir bioeletricidade, o biogás também pode ser transformado em biometano e utilizado na matriz de transportes, sendo uma alternativa ao diesel.
“Vejo o que já fizemos em termos de cogeração e a participação que temos na matriz energética brasileira, com a baixíssima pegada de carbono, é algo impressionante. Mas quando penso no que ainda tem para acontecer e no que o futuro reserva para o setor, é algo impensável em qualquer outro lugar do mundo”, comentou Gussi.
“Ao observar apenas os resíduos do processo produtivo, o biogás funciona com pegada negativa de carbono”, complementou Alessandro Gardemann, presidente da ABiogás.
Segundo dados do MME, a produção de biogás aumentou consideravelmente no Brasil, apesar de estar longe de atingir seu pleno potencial. Em 2015, foram produzidos 1.373 mil Nm³/d de biogás, já em 2018 foram 3.111 mil Nm³/d. Na visão do setor produtivo, para incentivar a ampliação da produção seria necessário incorporar as externalidades positivas da fonte na modernização do setor elétrico brasileiro.
“Antes tínhamos um setor elétrico muito focado na parte de geração e distribuição. Hoje vemos uma mudança estrutural deste novo setor elétrico, com novas formas de geração, de armazenamento em escala e a entrada de veículos elétricos. Isso tudo faz com que o nosso setor mude de configuração. Existe uma transição energética em curso, em que a descarbonização é o grande drive para as novas tecnologias, acompanhado da segurança e eficiência energética e da ampliação do poder de escolha do consumidor”, explica André Osório, diretor do Departamento de Informações e Estudos Energéticos do MME.
Em 2019 a bioenergia foi responsável por 54,9 TWh, o que corresponde a 9% da matriz energética brasileira no ano passado, segundo dados do MME. Destes, 67,1% foram provenientes do bagaço e da palha da cana, e somente 2,1% tiveram como fonte o biogás.
“Temos que manter em mente que, com o desenvolvimento econômico do país, a sociedade vai demandar cada vez mais energia elétrica. E essa geração precisa ser neutra em relação à emissão de gases de efeito estufa. Então a importância de estimular projetos e diminuir o hiato entre o potencial e o efetivo aproveitamento do biogás no setor”, comenta Zilmar Souza, gerente de bioeletricidade da UNICA.
Fonte: https://unica.com.br/noticias/potencial-biogas/[:]