Prensado pelas críticas de que não incentiva com recursos os controles ambientais na produção agropecuária, cabendo sempre apenas ao bolso dos produtores, o governo resolveu agir no Plano Safra 21/22. E chamou a atenção com a destinação de financiamento subsidiado para uma área até agora com participação dos grandes grupos.
Vai destinar até R$ 20 milhões para projetos em biogás e biometano, em um pacote orçamentário chamado de Plano ABC, com um total de R$ 5 bilhões, e alcance também em outros modelos de sustentabilidade, como produção de bioinsumos e biofertilizantes.
No total, o Plano Safra, lançado ontem, destinará R$ 251,2 bilhões em suas várias linhas de fomento.
No ponto da produção de energia elétrica a partir do biogás (produzido a partir de biomassas) e do seu derivado biometano – também utilizados como biocombustíveis -, o setor está vendo a nova política “como divisora de águas”, como se discute nesta quarta (23) entre os membros da ABiogás – entidade que representa a cadeia produtiva.
A partir de base mínima ao teto de R$ 20 milhões por projeto – com detalhe de ser coletivo, ou seja, um consórcio de produtores, por exemplo -, pode-se chegar a uma planta de 500 kWs a 3 MW, resume Alessandro Gardemann.
Uma planta desse porte também produz, em média, 3 mil litros/dia de biocombustível.
Abre um leque de opções para uma camada de produtores que está longe da capacidade potencial do setor que mais explora o biogás e o biometano, o sucroenergético. Projetos grandes, como o da Raízen, inclusive com a participação da empresa de Gardemann, a Geo Energética.
Do ponto de vista técnico, há poucos matérias-primas que não se prestam para esse serviço que agrega melhores condições ambientais.
A sucroenergia responde por quase 50% do potencial energético biogás/biometano, a proteína animal fica com 29,8% e a produção agrícola com 15%. Saneamento básico tem potencial para 6%.
Alessandro Gardemann olha para o setor de suínos e de frigoríficos em geral, cujos rejeitos podem virar mais energia, e também vê potencial na mandioca e laranja, mas o leque é bem maior.
Naturalmente, porém, o que manda é a escala da biomassa e quantidade de sobras para ser decompostas em biogás.
Fonte: Giovanni Lorenzon, AgroTimes