A fim de atender o maior número possível de empreendedores, empresa estendeu por 15 dias a primeira fase do edital. Objetivo da chamada é viabilizar projetos de biogás em todo o país e expandir o uso do BioGNL (biogás liquefeito) como combustível
A Golar Power decidiu prorrogar por mais 15 dias o prazo de adesão à chamada pública para aquisição de biometano, a fim de dar mais tempo para que empreendedores manifestem seu interesse e assinem o termo de confidencialidade que está no site da chamada, neste link: https://www.golarpower.com.br/chamadabiometano/ . O novo prazo vai até 16 de novembro.
Segundo o vice-presidente da Golar, Marcelo Rodrigues, a resposta tem sido bastante positiva, por isso a decisão de aumentar o prazo. “Estamos tendo um retorno acima das nossas expectativas. Existe um potencial enorme no País para projetos de biometano, e o nosso papel será o de fomentar este mercado”, informou.
Lançada no dia 1º de outubro, a Chamada Pública prevê a aquisição de 5 milhões de m3/dia de biometano, que, posteriormente, passarão por um processo de liquefação com o objetivo de atender interessados em adquirir o BioGNL (biometano liquefeito), especialmente o mercado automotivo e ferroviário. Trata-se de uma verdadeira revolução na infraestrutura de abastecimento de veículos, promovendo a substituição de fontes fósseis por um energético limpo.
O biometano resulta da purificação do biogás, energético obtido por meio da decomposição de resíduos orgânicos. De acordo com a Associação Brasileira do Biogás (ABiogás), o Brasil tem o maior potencial do mundo para a produção desta fonte de energia, contando com o aproveitamento total dos resíduos da agroindústria, indústria sucroenergética e saneamento. Se todo este potencial for utilizado, é possível substituir 70% do diesel consumido no Brasil pelo biometano.
Empreendedores que aderirem à chamada poderão começar a fornecer o produto até 2025. O edital prevê a participação de plantas em operação, plantas em construção e/ou planejadas que entrem em operação até esta data. Segundo Rodrigues, a empresa está aberta a vários projetos. “Nesta primeira etapa, os interessados só precisam declarar seu interesse. Posteriormente, entraremos em contato para o recebimento do projeto comercial”, esclareceu.
Divisor de águas
De acordo com o presidente da ABiogás, Alessandro Gardemann, o volume desta chamada representa um “divisor de águas para o setor”, que poderá viabilizar cerca de R$ 9 bilhões de investimentos nos próximos nove anos. “Isto representa 18% da meta da ABiogás até 2030 que é chegar a 30 milhões de m³/dia de biogás. Muitos achavam que esta projeção não seria viável, e agora, estamos vendo só uma empresa com apetite para comprar quase 20% deste potencial. É uma ação que está totalmente alinhada com a visão de futuro que temos do Brasil”, comentou.
Segundo dados da ABiogás, do total de 500 usinas de biogás operando no país, menos de 10% produzem biometano, totalizando cerca de 2 milhões de m³/dia. Além de praticamente triplicar a produção de biometano no país, o volume que será comprado corresponde a uma redução nas emissões de gases do efeito estufa de 15 mil toneladas de CBIOs/dia (cada CBIO corresponde a 1 tonelada de carbono).
Segundo a gerente executiva da ABiogás, Tamar Roitman, a existência de demanda é fator crítico para investimentos na produção e escoamento de gás natural e do biometano, por isso este mercado ainda está apenas começando no país. “A chamada de compra da Golar incentiva os investimentos em novos projetos, já que a empresa está garantindo a demanda. A garantia de compra também é fator chave para a obtenção de financiamentos por parte dos produtores de biometano. A iniciativa é, ainda, um forte incentivo para outras empresas enxergarem o biogás como uma excelente alternativa renovável aos combustíveis fósseis, permitindo reduzir a pegada de carbono dos seus produtos”, afirmou.
Ainda de acordo com Rodrigues, o objetivo da Golar é impulsionar a captação e a purificação do biogás, assim como a liquefação do biometano, transformando-o em metano liquefeito – BioGNL de alta pureza, para ser escoado pelo país nas regiões onde não há gasodutos. “Nossa meta é tornar os projetos de captação e purificação de biogás viáveis, assim como buscar as melhores condições de suprimento para o mercado brasileiro, diversificar o portfólio de aquisição de biometano e dar oportunidade a todos os agentes do mercado”, explicou.
A produção de biogás no interior do País a partir da suinocultura, da indústria sucroalcooleira, estações de tratamento de esgoto ou aterro sanitário pode ser liquefeita e escoada por meio terrestre, marítimo e fluvial. Hoje, por conta da falta de infraestrutura para o escoamento, todo este metano está sendo jogado na atmosfera: são 82 milhões de m³/dia de um gás que é 27 vezes mais nocivo à atmosfera do que o CO2 quando o assunto é aquecimento global.
Para Marcelo, o maior privilegiado será o meio ambiente. “A substituição de um caminhão a diesel que roda 120 mil quilômetros por ano, por um a BioGNL traz reduções de emissões na atmosfera equivalentes ao plantio de 7 mil árvores”, informou.