Cálculo foi apresentado em estudo realizado por associações representativas de fontes renováveis e rebate prejuízo de R$ 134 bilhões apresentado pela consultoria PSR
ABiogás participou da coletiva de imprensa em que os dados foram apresentados e ressaltou a importância da GD para o desenvolvimento do biogás como fonte mais nova entre as renováveis, principalmente em áreas remotas do país
São Paulo, 7 de abril de 2021 – Executivos de entidades que representam os interesses da geração distribuída e de fontes renováveis de energia apresentaram, hoje, em uma coletiva de imprensa, estudo que mostra que os benefícios sistêmicos com a Geração Distribuída vão chegar a R$ 50 bilhões no período entre 2020 e 2035.
A apresentação, realizada com base nos dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), teve o objetivo de rebater um cálculo feito pela consultoria PSR divulgado nesta quarta-feira, que aponta um prejuízo de R$ 134 bilhões para os consumidores que não utilizam GD no período de 30 anos.
O cálculo da PSR, no entanto, considerou apenas o custo da energia que deixaria de ser comercializada pelas concessionárias a partir do momento em que mais consumidores passassem a produzir sua própria energia. Neste caso, o benefício para o sistema seria de mais de R$ 180 bilhões, chegando a um valor líquido de cerca de R$ 50 bilhões.
Carlos Evangelista, presidente da Associação Brasileira de Geração Distribuída (ABGD), lembrou que o custo da energia não envolve apenas a transmissão, mas também a distribuição e a produção, que, neste caso, ao ser feita próxima ao local de consumo, torna o sistema mais eficiente, e, portanto, mais barato.
O assunto vem sendo debatido há cerca de dois anos, e chegou a um consenso com o projeto de lei 5829/19, do deputado Lafayette de Andrada, que está para ser votado na Câmara dos Deputados nos próximos dias. Por esta proposta, as regras para geração distribuída passariam por um período de transição gradual, para que não afetem o desenvolvimento de novas fontes.
Tamar Roitman, gerente executiva da ABiogás, lembrou que a questão do subsídio é importante para fomentar políticas públicas, e tem seu tempo para acontecer e cumprir seu papel. Hoje, a energia solar representa 99% da geração distribuída, mas existem outras fontes, como o biogás, que ainda estão no começo do seu desenvolvimento, e serão prejudicadas caso ocorra uma mudança brusca nas regras da GD.
“Estamos há mais de um ano discutindo com a Aneel e representantes do setor para chegar a um consenso. Um contraponto que não leve em conta os benefícios da GD, trava a discussão e faz com que o projeto não avance. No caso do biogás, estamos falando de uma fonte nova, que vai beneficiar áreas remotas no interior, pequenos produtores rurais que podem produzir sua própria energia, garantindo, inclusive, estabilidade na produção energética, já que o biogás é uma fonte não intermitente. Neste caso, faltam ainda estudos que considerem também estes benefícios adicionais”, comentou.
Participaram da coletiva Carlos Evangelista (ABGD), o presidente da ABiogás, Alessandro Gardemann, Bárbara Rubim (Absolar), Paulo Arbex (ABRAPCH), Heber Galarce (INEL), Joaquim Rolim (FIEC), Tássion Barbosa (ABS) e Ricardo Costa (assessor técnico do PL 5829).
Recentemente, a ABiogás publicou um infográfico sobre os benefícios do biogás no ambiente de micro e mini geração distribuída. Confira: https://abiogas.org.br/biblioteca/