Nova associada da ABiogás, empresa fechou parceria com grupo empresarial global que atua na purificação do biogás para biometano, e do biometano para hidrogênio
A energia renovável atraiu o interesse da BENU Engenharia, nova associada da ABiogás, que nasceu, em 2008, pela necessidade de prover ao mercado serviços especializados em gestão de programas e projetos multidisciplinares nos segmentos de óleo e gás, energia, siderúrgica e telecom. A guinada para a área verde foi recente, e já conta com a parceria de duas empresas globais que atuam no setor de purificação do biogás: a canadense Xebec, com soluções integradas e modularizadas para o tratamento e upgrade do biogás a biometano, e a holandesa Hygear, produtora de hidrogênio verde, azul e cinza, a partir da reforma do metano (gás natural ou biometano) a vapor ou eletrólise.
Em maio, a Xebec concluiu a compra da Hygear, que, agora, pertence ao mesmo grupo empresarial – coincidentemente, no mês em que a BENU assinou o contrato com a Hygear, expandindo a totalidade do contrato com as duas.
“Desde o ano passado, eu me interessei bastante pela área da energia renovável, identifiquei oportunidades muito amplas a serem desenvolvidas e venho me dedicando a este ramo, não só na parte de serviço, mas agora também no fornecimento destas tecnologias como agente das duas empresas”, contou o diretor executivo da BENU, Humberto Gomes.
O primeiro projeto no Brasil, em fase de estudo preliminar de viabilidade, envolve um grande player do setor de vidros planos. Segundo Humberto, indústrias deste tipo consomem um mix de gases – como hidrogênio e nitrogênio – que, ao final do processo, por falta de uma solução de reciclagem, são desperdiçados. “Dentro de todo este conceito de economia circular, de reaproveitamento e redução de emissões, a ideia é trazer soluções viáveis para a recuperação destes gases e redução do custo operacional”, explicou.
Com esta visão, os projetos da BENU, em um primeiro momento, estão direcionados para plantas de pequena escala no setor industrial, sucroenergético e agronegócio. “As soluções da Hygear para geração, purificação e reciclagem de hidrogênio, nitrogênio, oxigênio e mix de gases são muito capilares. Em vários segmentos da indústria, como vidro plano, aço, óleo e gás, qualquer indústria química, fertilizantes ou plantas de amônia há demanda por hidrogênio, porém, não em quantidades que justifiquem colocar uma planta de grande ou média escala”, ponderou.
O diretor da BENU planeja um modelo de negócios em que, dentro de um distrito industrial, poderia montar uma única planta que proveria os gases para três ou mais indústrias e fazer uma mini ou micro rede. “O objetivo das micro redes é garantir eficiência energética, com a melhor relação custo-benefício e confiabilidade”, afirmou.
Outro setor que poderia se beneficiar é o de políticas públicas, com a produção de oxigênio, por exemplo. “Recentemente, assistimos à situação crítica em Manaus, mas se o hospital tiver um equipamento – que não é muito grande -, para a produção de seu próprio oxigênio, o gás não faltaria e não dependeria mais de terceiros. Em locais isolados funciona muito bem”, avalia.
Diferenciais e nacionalização da produção
O modelo que a BENU idealiza, em futuro próximo é do de gas-as-a-service, ou seja, a planta é instalada dentro da área do cliente, que paga pelo gás consumido. Desta forma, a empresa contratante não teria que fazer um desembolso pesado inicialmente, mas, com um design life de 20 anos – considerado acima da média -, teria um modelo de negócios mais justificável e consequente compromisso com a eficiência energética de seus clientes.
De acordo com Humberto, a automação é o principal diferencial dos sistemas que a BENU representa, suficiente para garantir o padrão do biometano independente de variações de composição do gás na entrada. “Este é um grande diferencial em relação às tecnologias usadas, principalmente em processos, nos quais há mais variação de impurezas, na composição do gás bruto”, comentou.
Humberto conta que se dedicou a um longo processo de seleção e pesquisa para trazer algo que realmente agregue valor ao setor de biogás. Além disso, a nacionalização de tecnologias não protegidas por patentes é uma estratégia presente para garantir uma maior competitividade. “Para os primeiros projetos, vamos trazer a solução completa lá de fora, ou com o mínimo de nacionalização, e vamos aumentando a nacionalização com a evolução do negócio até cerca de 60% a 70% do projeto”, comentou.
Cultura e compartilhamento
De acordo com Humberto, a motivação para se associar veio do fato de considerar a ABiogás um centro de competências na matéria do biogás, capaz de compartilhar conhecimento e oportunidades de desenvolvimento. “É um trabalho em que a ABiogás se destaca de forma excelente: o aculturamento da indústria para estas novas oportunidades”, afirmou.
Para o diretor da BENU, o cenário de biogás hoje é muito promissor, e pode ser mais ainda quando integrado, tirando proveito de todas as sinergias possíveis, tanto com o gás natural, quanto com rotas tecnológicas para o hidrogênio. “O biogás e a biomassa estão disponíveis no interior, enquanto o gás natural é abundante no litoral, através de E&P de campos de gás e importação. Só que este último já conta com a infraestrutura de transporte e distribuição, enquanto a biomassa, que só precisa ser fermentada, ainda carece de infraestrutura. Mas já existem soluções no mercado que viabilizam a exploração deste potencial. Ou seja, o que precisamos é posicionar o biogás com todas as sinergias possíveis da nossa matriz energética, e com isso tirar o melhor proveito desta fonte de energia renovável”, concluiu.
A BENU Engenharia está localizada no Rio de Janeiro. Para conhecer mais, visite o site da BENU Engenharia.