Com foco no desenvolvimento de projetos para a geração de créditos de carbono, a Beng Engenharia chega à ABiogás para somar conhecimentos e fazer novas parcerias, principalmente com empresas de aterros sanitários.
Criada em 2014, a empresa, que vem do setor de saneamento e energia, acumula projetos na América Latina, com atuação no México, Nicarágua, Guatemala, Costa Rica, Chile e Brasil. Só no ano passado, gerou 5 milhões de créditos de carbono, recorde desde a sua fundação. “Para ter uma ideia, a Suíça tem como meta comprar 30 milhões de créditos em 10 anos. Portanto, atingimos um nível bem alto de crescimento”, avalia Francisco Santo, diretor da Beng.
Segundo Francisco, o mercado de crédito de carbono está em franca expansão, e deverá crescer ainda mais no curto prazo. Hoje, cada crédito está sendo negociado em torno de US$ 4, mas ele acredita que o preço médio deverá bater os US$ 6 em cerca de 2 a 3 meses. “Ano passado, estava entre US$ 2 a US$ 3, portanto, estamos vendo um ativo duplicar de preço neste período. Depois da COP 26, a tendência é de alta. Estamos recebendo diversas ofertas de compra e nossa sugestão para os nossos clientes é que esperem mais um pouco para vender”, contou.
Além das mudanças no setor desde o Protocolo de Kyoto, em que apenas os países desenvolvidos eram obrigados a adquirir os créditos, Francisco também credita o crescimento a uma mudança de perfil do consumidor. Depois do Acordo de Paris, todos os países signatários, incluindo o Brasil, passaram a ter metas de descarbonização, porém, por conta de uma nova consciência ambiental, muitas empresas têm adotado metas de forma voluntária.
“Esta mudança no perfil do consumidor acarreta uma pressão em cima das empresas para que elas tenham operações mais sustentáveis. Então, de forma voluntária, elas estabelecem metas de redução de emissões e se preocupam com a imagem, o famoso ESG. Não é só trazer receita, mas como suas ações vão impactar na sociedade, no clima e na governança. Percebemos este movimento forte no fim de 2020 e ao longo de 2021, e não é à toa, porque as empresas sabem que, se não melhorarem, vão perder mercado”, avalia.
Para João Sprovieri, também diretor na Beng, com a chegada desta nova era de carbono, em que todos os países são responsáveis pelas emissões globais, o mercado ficou mais pulverizado. “Podemos vender para o mercado europeu, para alguém que está querendo compensar aqui internamente, no Brasil, e até para pessoas físicas. Pessoas que nunca apareceram no nosso radar estão surgindo, interessadas em conhecer o mercado e aprender como fazer”, contou.
Consultor na Beng, Américo Varkulya ressalta a credibilidade dos projetos, o que garante a qualidade do crédito gerado. “Os créditos vêm de projetos auditados e verificados. Nós realmente garantimos a idoneidade deste crédito de carbono que está sendo emitido e comercializado, geralmente junto às Nações Unidas, mercado onde a empresa mais atua”, explicou.
Além disso, a Beng já possui o ISO 9001 e o ISO 37001, e está em busca de tirar mais uma acreditação, de compliance (ISO 37301), que será a primeira no Brasil.
Crescimento na pandemia
Segundo Francisco, o mercado de crédito de carbono foi um dos poucos setores que conseguiu ter um crescimento grande nesta época de pandemia. ‘Percebemos claramente pelo aumento no número de concorrentes, o que vemos com bons olhos, porque significa que é um mercado que está em franca expansão”, avalia.
Para Francisco, este crescimento se reflete também na qualidade dos projetos. Segundo ele, as empresas não estão apenas em busca de adquirir créditos porque são obrigadas, mas também querem saber a origem e a qualidade destes créditos, se são projetos realmente relevantes. Neste sentido, os projetos de aterros sanitários levam vantagem e estão em segundo lugar entre os mais cobiçados, perdendo somente para os florestais.
“Quando a gente pega chamadas públicas internacionais para a compra de créditos de carbono, a procura é pela geração que seja mais segura, que vai realmente alcançar o montante de redução que foi combinado, em um contrato de 5 a 10 anos. Assim, os projetos de aterro sanitário são os mais procurados, pois são os mais seguros e estáveis. São projetos muito visados por grandes compradores”, explicou João.
Além das parcerias comerciais, os três representantes da Beng também chegam à Abiogás para compartilhar conhecimentos. Com mestrado e doutorado na área, eles pretendem contribuir na produção científica sobre o setor. “Temos uma experiência grande nesta parte de aterros sanitários, podemos contribuir bastante nos grupos técnicos. Viemos para somar”, concluiu Francisco.