GD pode atrair R$ 70 bi em investimentos em dez anos, estima a EPE
A Empresa de Pesquisa Energética (EPE) lançou o Caderno “Micro e Mini Geração Distribuída (MMGD) e Baterias”, parte do trabalho de elaboração do Plano Decenal de Energia (PDE) 2030, feito pela empresa. O documento prevê que os investimentos em MMGD podem chegar a R$ 70 bilhões nos próximos dez anos, com a modalidade atingindo capacidade instalada de 24,5 gigawatts (GW).
A EPE considerou dois cenários em suas projeções. Os números acima constam do “Cenário Verão”, mais positivo, que considera a manutenção de políticas de incentivo para a instalação de MMGD e poucas alterações regulatórias. Nessa projeção, em 2022 todos os novos geradores deixariam de compensar a parcela Tarifa de Uso do Sistema de Distribuição (TUSD) Distribuição no Sistema de Compensação de Energia Elétrica (SCEE), mantendo as demais compensações. E em 2026, todos os novos geradores são submetidos a um novo faturamento na baixa tensão, que passa a cobrar as parcelas TUSD Transmissão e Distribuição de forma não volumétrica.
Assim, de acordo com o levantamento da EPE, o Brasil irá atingir 3 milhões de consumidores com MMGD, considerando o “Cenário Verão”. A capacidade instalada total, de 24,5 GW, será majoritariamente formada por sistemas fotovoltaicos (93%), seguidos de centrais hidrelétricas geradoras (CGHs), com 4%; termelétricas, com 2%; e centrais eólicas, com 1%.
Projeções mais moderadas da EPE, que consideram a retirada de incentivos a MMGD, integram o que a empresa chama de “Cenário Primavera”. Nele, a partir de 2022 todos os novos geradores passam a compensar apenas a parcela Tarifa de Energia (TE) Energia e são submetidos a um novo faturamento na baixa tensão, que passa a cobrar as parcelas TUSD FIO A e FIO B de forma não volumétrica.
Com o fim dos incentivos, o “Cenário Primavera” projeta investimentos de R$ 50 bilhões até 2030, com o número de consumidores com MMGD atingindo 2 milhões de clientes.
RenovaBio chega a 10 milhões de CBIOs emitidos
O RenovaBio, atingiu a marca de 10 milhões de créditos de descarbonização (CBIOs) validados na Plataforma CBIO no dia 30 de setembro, informou a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). O número representa 67% do total de 14,9 milhões de CBIOs estabelecido como meta para os anos de 2019 e 2020 pelas Resoluções nº 15/2019 e nº 8/2020 do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE).
O mês de setembro registrou o recorde de CBIOs validados na Plataforma (2,2 milhões), elevando a média de certificados gerados nos últimos três meses para 2 milhões/mês. Se mantida essa tendência de crescimento, a expectativa é que se tenha CBIOs suficientes para atingir a meta para 2019 e 2020 até o início de dezembro.
As primeiras operações de aposentadoria do título ocorreram em agosto e setembro, sendo 103.700 aposentados por parte obrigada. A aposentadoria de um CBIO ocorre quando seu detentor o retira definitivamente do mercado, impedindo qualquer negociação futura. Os distribuidores de combustíveis fósseis são as partes obrigadas ao cumprimento de metas individuais no RenovaBio. O cumprimento de suas metas se dá pela quantidade de CBIOs por eles aposentados.
Mesmo com redução de 50% das metas compulsórias de CBIO, valor do certificado sobe
Foi publicada em setembro a revisão das metas do RenovaBio, aprovada pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) em 18 de agosto. Reduzidas em 50%, as obrigações de compra passaram de 29 milhões de créditos de descarbonização (CBIOs), para 14,5 milhões, conforme proposta apresentada pelo Ministério de Minas e Energia (MME) e que dividiu distribuidoras de combustíveis fósseis e produtores de biocombustíveis.
A nova regra vale para comercialização de combustíveis fósseis em 2019 até 31 de dezembro deste ano, que devem ser compensados com a compra de CBIOs. Para 2021, a meta é de 24,86 milhões de certificados, e para 2030, de 90,67 milhões. A partir de 2022, passa a haver um intervalo de tolerância de 8,5 milhões de CBios para cima e para baixo para cada ano.
Mesmo com a redução das metas compulsórias, o valor médio do CBIO negociado na Brasil Bolsa Balcão (B3) teve alta em setembro. Se no fim de agosto o certificado registrava preço médio de R$ 19,75, no mês passado o valor médio do CBIO na B3 variou de R$ 20 a R$ 37,35, segundo apontou a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
Anbima lança guia para estimular negociação de CBIOs
A Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) lançou o Guia de Operacionalização do CBIO, em parceria com o Ministério de Minas e Energia (MME) e a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). O guia busca padronizar e estabelecer critérios mínimos para estimular a negociação deste ativo no Brasil.
A publicação traz todo o processo de operacionalização da parte financeira do CBIO, com definições para cada etapa: emissão, colocação, intermediação, manutenção, custódia, bem como critérios mínimos necessários nos contratos de prestação de serviços. O documento é parte dos esforços para disponibilizar ao mercado informações relevantes e conteúdo educativo sobre sustentabilidade.
Copel vai contratar energia de GD para operar microrredes
Surge uma boa oportunidade para geradores de energia elétrica à biogás no Paraná. A distribuidora elétrica Copel vai lançar chamada pública para contratar energia proveniente de geração distribuída (GD). A autorização, inédita no Brasil, foi dada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), com base em solicitação feita pela companhia para implantar um projeto-piloto de compra de energia proveniente de geradores conectados ao sistema de distribuição, com o objetivo de obter benefícios de disponibilidade do fornecimento e otimização de recursos.
Para vender energia à distribuidora, os produtores independentes de energia de pequeno e médio portes terão de constituir uma microrrede. Trata-se de sistemas elétricos independentes, uma espécie de “ilha de energia”, na qual a geração, o armazenamento e o consumo podem funcionar conectados ou não à rede de distribuição.
Os geradores participantes das microrredes poderão vender sua energia para a Copel e, com isso, alimentar um grupo de consumidores próximos. A distribuidora fica responsável pelo controle e segurança da operação. Em casos de contingência, enquanto a distribuidora repara a rede, ela pode isolar o sistema e manter o consumidor abastecido.
“Este é um tema estratégico para nós, que nos leva a quebrar paradigmas e, como vantagem, oferece os benefícios dessa modalidade de geração. Por isso o pioneirismo da Copel nesta abordagem”, afirma o presidente da companhia, Daniel Slaviero.