O Brasil assiste a uma revolução na produção de biogás, que cresceu 40% em 2018 e deve crescer mais 40% em 2019. Segundo o presidente da ABiogás, Alessandro Gardemann, nos últimos cinco anos foram desenvolvidas soluções que garantem um biogás com a mesma qualidade do gás natural, capaz de suprir os postos de abastecimento, ser injetado nos gasodutos, e até participar de leilões de energia elétrica, como ocorreu pela primeira vez em 2016, com a vitória do projeto da Raízen no Leilão A-5 da Aneel. O estágio atual do biogás foi o tema da palestra que Gardemann apresentou nesta quarta-feira (21/08) na Fenasucro & Agrocana – 27ª Feira Internacional de Bioenergia, no dia 21 de agosto, em Sertãozinho (SP).
Segundo Gardemann, por ser uma potência agroindustrial, o Brasil tem uma capacidade de produção de resíduos gigantesca, que corresponde ao potencial de produção de biogás, até então negligenciado. “Hoje, estes resíduos não têm aproveitamento energético, um pouco por conta do histórico desfavorável do biogás. Projetos realizados desde os anos 80 careciam de eficiência energética, além de não terem sido economicamente viáveis. Mas o cenário está mudando. Hoje, dispomos de tecnologias que produzem um biogás equivalente ao GNV, aliando o saneamento ambiental com a viabilidade econômica. Tecnologia e eficiência constituem a chave que vem mudando a história do biogás no Brasil”, afirmou o presidente da ABiogás.
De acordo com Gardemann, com o estágio tecnológico atual já é possível produzir biogás tanto em escala industrial, quanto doméstica. “A beleza do biogás está nesta mobilidade de produção em projetos de pequena e larga escala. Nas usinas, ele é um substituto ao diesel, gerando uma energia mais limpa, com menos gases causadores do efeito estufa”, afirma.
Estudos desenvolvidos pela ABiogás apontam que o Brasil desperdiça mais de 84,6 bilhões Nm³ por ano de biogás, o que seria suficiente para suprir 40% da demanda de energia elétrica do país ou 70% de todo o diesel consumido no ano passado. Este potencial refere-se ao biogás que poderia ser produzido a partir dos resíduos sucroenergéticos (48%), agroindustriais (45%) e do saneamento (7%).
“Todo este potencial, em uma época na qual o mundo busca soluções econômica e tecnicamente viáveis para frear as mudanças climáticas e diminuir o impacto ambiental das atividades humanas, torna o biogás uma ferramenta estratégica tanto para o setor público, quanto para a iniciativa privada, que busca investimentos atrativos e seguros”, comenta Gardemann.
O objetivo da ABiogás é transformar a energia elétrica, combustível e térmica, geradas a partir do biogás, em commodities energéticas que correspondam a 10% da matriz brasileira. Para isso trabalha como um canal de interlocução com a sociedade civil, governo e órgãos responsáveis pelo planejamento energético brasileiro. A associação foi criada em 2013 e reúne 60 empresas de diversos segmentos do setor, cobrindo completamente a cadeia de valor do biogás.
Maior feira do mundo exclusivamente voltada ao setor sucroenergético, a Fenasucro & Agrocana acontece até 23 de agosto em Sertãozinho/SP – um dos principais polos da indústria sucroenergética e de produção de cana-de-açúcar. Em sua 27ª edição, o evento se consolida também como vitrine do setor de bioenergia, seguindo a tendência mundial de sustentabilidade.
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